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EasyEDA: O Guia Definitivo para Projetar PCBs

Eletrogate 7 de novembro de 2025

Introdução

Para entusiastas da eletrônica, makers e estudantes, a capacidade de transformar um diagrama esquemático em uma placa de circuito impresso (PCB) profissional é um marco fundamental na evolução de conhecimento. Antigamente, esse processo era complexo e dispendioso, reservado a engenheiros com acesso a softwares caros e complexos. Hoje, ferramentas como o EasyEDA revolucionaram o acesso ao design de PCBs, oferecendo uma plataforma poderosa, intuitiva e online.

Neste guia iremos explorar um pouco essa ferramenta, vamos aprender a navegar na interface, desenhar esquemáticos, rotear PCBs e gerar os arquivos para fabricação. Mais importante, integraremos a este passo a passo as regras, dicas e melhores práticas essenciais para que hobbistas e iniciantes possam criar placas funcionais, robustas e prontas para a fabricação, evitando as armadilhas mais comuns.


O que é uma PCB?

Antes de falar sobre o EasyEDA em si, é importante compreender o que é uma PCB (Printed Circuit Board), ou placa de circuito impresso.

Definição

Uma PCB é a base física onde os componentes eletrônicos de um circuito são conectados eletricamente e fixados mecanicamente com solda.
Ela substitui a antiga prática de usar fios soltos ou protoboards, garantindo confiabilidade, miniaturização e facilidade de produção em escala.

Estrutura Básica

Uma placa de circuito impresso geralmente é composta por:

  • Substrato isolante: normalmente fibra de vidro que dá rigidez mecânica à placa.
  • Camada de cobre: material condutor que forma as trilhas. Pode existir em uma face (single layer), duas faces (double layer) ou múltiplas (multilayer).
  • Máscara de solda (solder mask): cobertura protetora colorida (geralmente verde, mas pode ser azul, vermelho, preto, branco, etc.), que impede curtos e oxidação.
  • Serigrafia (silkscreen): letras e símbolos impressos na superfície para identificar componentes, polaridades e anotações.
  • Furos metalizados (vias): conectam trilhas de diferentes camadas.

Tipos de PCB

  • Single layer: cobre em apenas um lado. Simples e barata, ótima para iniciantes e pequenos projetos.
  • Double layer: cobre em ambos os lados, permitindo projetos mais compactos.
  • Multilayer: várias camadas internas de cobre. Essencial para placas de computadores, celulares e dispositivos de alta complexidade.

Por que usar PCBs?

  1. Organização: as conexões ficam claras, padronizadas e repetíveis.
  2. Confiabilidade: trilhas de cobre são mais robustas que fios soltos.
  3. Miniaturização: possível montar circuitos complexos em áreas pequenas.
  4. Reprodutibilidade: mesma placa pode ser fabricada em milhares de unidades.
  5. Segurança: isolamento e padronização reduzem riscos de curto-circuito.

Primeiros Passos: Criando sua Conta e Navegando na Interface

Para começar, acesse easyeda.com. O processo de criação de conta é simples e pode ser feito com um e-mail ou vinculando sua conta Google.

Após o login, você terá que escolher entre a edição Pro ou Standard, nesse artigo vou usar o modo Standard online como na figura abaixo:

Após isso irá abrir o dashboard principal. Aqui você pode ver seus projetos existentes, projetos compartilhados com você e projetos da comunidade. No lado esquerdo tem o meu principal para navegação.


O Esquemático – Onde Tudo Começa

O esquemático é a planta baixa do seu circuito. É uma representação lógica, não física, de como os componentes se conectam. Um esquemático claro e bem organizado é o primeiro passo para uma PCB bem-sucedida, abaixo um exemplo de um esquemático no EasyEDA:

Criando um Novo Projeto

  1. No menu na lateral esquerda clique em “Project” depois clique no botão “New Project” (Novo Projeto) para criar um novo projeto.
  2. Dê um nome descritivo ao seu projeto (ex: “meu_primeiro_projeto”) e uma breve descrição.

Isso abrirá a interface do editor de esquemáticos. Nessa tela você pode visualizar as seguintes áreas e menus:

  • Área de Desenho Central: A grande grade onde você desenhará seu circuito.
  • Menu Superior: Contém comandos como salvar, desfazer, refazer, zoom e as ferramentas essenciais para converter o esquemático em PCB.
  • Menu de Ferramentas: Possui as ferramentas de desenho: ponteiro de seleção, ferramenta de fiação (wire), barramentos (bus), símbolos de VCC e GND, etc.
  • Menu de seleção dos objetos: Possui as as características dos objetos selecionados como cor, valor, tamanho, etc.
  • Menu lateral de Navegação e Bibliotecas: Aqui você pode navegar pelos arquivos do seu projeto ne pelas Library.
    • Na Common Library você encontra os componentes mais comuns com diversos footprints ou encapsulamento;
    • Em Library você encontra as bibliotecas da LCSC.com ou da JLCPCB.com que são as lojas de componentes onde podemos comprar os componentes para a nossa placa.

Inserindo componentes no projeto

Para inserir os componentes usamos o menu lateral de Bibliotecas, no vídeo a baixo uso os componentes de Library e Common Library, lembrando que somente os componentes de Library são os que iremos comprar na LCSC.com para colocar na placa os da Common Library não são componentes a venda, servem apenas para ilustrar, esses componentes são comprados e soldados por mim.

 

Uma boa dica é procurar por componentes disponíveis na LCSC para facilitar a futura montagem para isso na tela de Library escolha a opção LCSC em Classes. Antes de selecionar os componentes verifique no lado direito da tela de Library o footprint do componente e a imagem caso tenha, para não selecionar um componente com footprint errado.

Para o projeto pesquise e selecione os seguintes componentes.

  • Microcontrolador: Pesquise por ESP32-DevKitC. Escolha o footprint correto.
  • Regulador de Tensão: Pesquise por AMS1117-3.3. Este é um regulador SOT-223 muito comum que converte tensões mais altas para 3.3V.
  • Relé: Pesquise por SRD-05VDC-SL-C. Este é um relé azul muito popular de 5V.
  • Transistor NPN: Pesquise por 2N2222 ou S8050. Usaremos este transistor para que o ESP32 possa acionar o relé de 5V com seu sinal de 3.3V.
  • Diodo: Pesquise por 1N4007. Este diodo é essencial para proteger o transistor da força contraeletromotriz gerada pela bobina do relé.
  • Componentes Passivos: Pesquise por Resistor. Escolha footprints genéricos, como 0805 para montagem em superfície (SMD) ou AXIAL-0.4 para componentes through-hole (PTH).
  • LED: Pesquise por LED e escolha um footprint genérico, como 0805 ou 3mm.
  • Botão: Pesquise por Push Button ou TAC-SWITCH-PTH, observe com atenção o footprint.

Após encontrar cada componente, clique em “Place” para adicioná-lo à sua folha de esquemático. Não se preocupe com a posição exata agora, apenas coloque-os na área de trabalho.

Desenhando o esquemático do projeto

Com a ferramenta Wire do menu de ferramentas (Wiring Tools) vamos conectar os componentes do esquemático.

  • Selecione a Ferramenta “Wire”: Na barra de ferramentas, clique no ícone de um fio.
  • Faça as Conexões: Clique no pino de um componente (um pequeno círculo aparecerá) e arraste o mouse até o pino do outro componente. Clique novamente para finalizar a conexão. O EasyEDA desenhará uma linha verde, representando um fio elétrico.
  • Conexões de Alimentação (VCC e GND): Use os símbolos dedicados de VCC (alimentação positiva) e GND (terra) disponíveis na barra de ferramentas esquerda. Isso torna o esquemático mais legível e organiza as linhas de alimentação. Você pode mudar os nomes, por exemplo, VCC pode ser o 5V ou 3V3.

Siga as ligações e a organização dos componentes da imagem abaixo:

Para mudar alguns nomes de labels basta clicar no componente ou indicador que irá aparecer a opção de mudar o nome, ou aparecerá a opção Text no Menu de seleção dos objetos.


Do esquemático para a PCB

Com o esquemático finalizado e revisado, o próximo passo é convertê-lo em um design de placa de circuito impresso (PCB).

Convertendo para PCB

Na barra de ferramentas superior do editor de esquemáticos, clique em “Design -> Convert to PCB”. Ao clicar irá aparecer uma mensagem do EasyEDA para verificar as conexões do esquemático, dessa vez vamos clicar em No, Keep Going porque é um projeto simples de teste, mas para projeto profissionais o ideal é realizar essa verificação e corrigir os erros, após isso irá abri uma nova aba o editor de PCB.

Na janela de configuração New PCB você pode escolher algumas características da PCB como quantidade de camadas (layer), borda, posição e o tamanho, vamos usar as seguintes configurações para o nosso projeto.

Após clicar em “Apply” você verá duas coisas:

  1. Um contorno de placa roxo (Board Outline): Este é o formato físico da sua PCB.
  2. Uma pilha de componentes com linhas finas e emaranhadas (Ratsnest): Estas linhas representam as conexões lógicas que você desenhou no esquemático. Sua missão é transformar essas linhas em trilhas de cobre físicas.

Ferramentas e Camadas (PCB Tools e Layers and Objects)

Para desenhar e manipular a PCB vamos usar a ferramentas disponíveis nas janelas PCB Tools e Layers and Objects:

O menu “PCB Tools” é a sua caixa de ferramentas essencial para desenhar o layout físico da sua placa. Abaixo, vou explicar algumas ferramentas desse menu.

Ferramentas de Roteamento (Conexões Elétricas)

  • Track (Trilha): A ferramenta principal para desenhar as trilhas de cobre que conectam os componentes. Defina a largura da trilha conforme a corrente: mais larga para alimentação, mais fina para sinais.
  • Arc (Arco): Desenha trilhas em formato de curva, útil para designs de alta frequência (RF) ou para contornar obstáculos de forma suave.

Ferramentas de Posicionamento e Furação

  • Via: Cria um furo metalizado para conectar trilhas entre diferentes camadas da placa (ex: da camada superior para a inferior).
  • Pad (Ilha de Contato): Define uma área de cobre para a soldagem de um pino de componente. É a base para criar e editar footprints.
  • Hole (Furo): Adiciona um furo não metalizado, usado principalmente para a montagem da placa com parafusos.

Ferramentas de Desenho e Serigrafia (Marcações)

  • Line, Rectangle, Circle, Polygon: Usadas na camada BoardOutline para definir o formato da placa ou nas camadas TopSilkLayer/BottomSilkLayer (serigrafia) para criar logos e marcações visuais.
  • Text (Texto): Adiciona texto na serigrafia para rotular componentes, conectores, ou incluir o nome e a versão do projeto.
  • Image (Imagem): Importa um logo ou imagem para a serigrafia da placa.

Ferramentas de Cobre e Planos

  • Copper Area (Área de Cobre): Ferramenta crucial para preencher áreas vazias com cobre, geralmente para criar um Plano de Terra (GND), que melhora a estabilidade do circuito e reduz ruídos.
  • Solid Region (Região Sólida): Cria uma área de cobre com formato específico, ideal para dissipadores de calor na própria placa ou antenas.

Ferramentas de Medição

  • Dimension (Dimensão): Mede e exibe distâncias na placa, essencial para documentar o tamanho e a posição de furos de montagem para o design de gabinetes.

Menu de Camadas e objetos (Layers and Objects)

O menu Layers and Objects é a sua caixa de ferramentas para “navegar” entre as camadas da PCB, abaixo listo as camadas mais usadas em projetos para iniciantes:

  • TopLayer (Camada Superior): Trilhas de cobre na parte de cima da placa (geralmente vermelha).
  • BottomLayer (Camada Inferior): Trilhas de cobre na parte de baixo da placa (geralmente azul).
  • TopSilkLayer (Serigrafia Superior): Tinta (geralmente branca) para texto, logos e contornos de componentes.
  • BottomSilkLayer (Serigrafia Inferior): O mesmo, mas na parte de baixo.
  • BoardOutline: A camada que define o corte da placa.

Existem diversas outras camadas como a camada de máscara de solda, documentação e etc., para mais informações consulte esse link.


Passo a Passo do Layout de PCB: Regras e Dicas Integradas

Este é uma das partes mais crítica de um projeto de PCB e onde a arte do design realmente aparece.

1. Defina o Formato da Placa (Board Outline)

Primeiro, ajuste o tamanho e a forma da sua placa. Selecione a camada “BoardOutline” e use as ferramentas de desenho para criar o formato desejado. Para projetos de forma geral se usa um retângulo simples.

2. Posicionamento Estratégico dos Componentes

Este é, talvez, o passo mais importante para um bom design. Não posicione os componentes aleatoriamente.

  • Regra 1: Agrupe por Função: Coloque componentes de uma mesma parte do circuito (ex: a fonte de alimentação, o circuito do microcontrolador) juntos. Isso mantém as trilhas curtas e organizadas.
  • Regra 2: Conectores nas Bordas: Posicione conectores de energia, USB, áudio, etc., nas bordas da placa para fácil acesso.
  • Regra 3: Considere o Fluxo de Sinal: Pense em como o sinal “viaja” pelo seu circuito e posicione os componentes para facilitar um caminho curto e direto para as trilhas.
  • Dica: Gire e mova os componentes para desembaraçar o Ratsnest o máximo possível. Um bom posicionamento resulta em um roteamento muito mais fácil.

3. Roteamento das Trilhas (Routing)

Agora, vamos transformar as linhas do Ratsnest em trilhas de cobre.

  • Selecione a Camada: Escolha se vai começar pela TopLayer (vermelha) ou BottomLayer (azul).
  • Selecione a Ferramenta “Track”: Na barra de ferramentas esquerda, clique no ícone de trilha.
  • Desenhe as Trilhas: Clique em um pino e siga a linha do Ratsnest até o pino de destino. Clique para criar segmentos.

Regras e Dicas Essenciais para o Roteamento:

  • Regra 4: Largura da Trilha Importa (Trace Width): A largura da trilha determina a corrente máxima que ela pode suportar sem superaquecer.
    • Trilhas de Sinal: Para sinais de baixa corrente (ex: comunicação entre CIs), uma largura de 0.254mm (10 mil) é um bom ponto de partida.
    • Trilhas de Alimentação (VCC/GND): Essas trilhas carregam mais corrente. Use larguras maiores. Uma regra de bolso segura para iniciantes é usar 0.5mm (20 mil) ou mais. Para correntes mais altas, use uma calculadora online de “PCB Trace Width Calculator“. No EasyEDA, você pode mudar a largura da trilha no painel de propriedades à direita.
  • Regra 5: Evite Ângulos de 90 Graus: Nunca faça curvas de 90 graus em suas trilhas. Use dois ângulos de 45 graus. Ângulos retos podem causar problemas de fabricação e de integridade de sinal em altas frequências.
  • Regra 6: Mantenha as Trilhas Curtas e Diretas: Quanto mais longa a trilha, maior sua resistência e indutância. Mantenha os caminhos os mais curtos possíveis.
  • Regra 7: Use as Duas Camadas com Vias: Quando uma trilha não pode passar na camada superior, use uma Via para passar para a camada inferior. Uma via é um furo metalizado que conecta as camadas. Selecione a ferramenta “Via”, posicione-a na trilha, e continue o roteamento na outra camada.

4. Planos de Terra e Preenchimento de Cobre (Copper Pour)

Esta é uma das técnicas mais importantes para uma PCB robusta e com baixo ruído elétrico. Em vez de rotear todas as conexões de GND com trilhas finas, preenchemos todas as áreas vazias da placa com cobre e as conectamos ao GND.

  • Como Fazer:
    • Selecione a camada desejada (geralmente ambas, Top e Bottom).
    • Na barra de ferramentas de PCB, selecione “Copper Area”.
    • Desenhe um retângulo ao redor de toda a sua placa.
    • No painel de propriedades, associe essa área à rede “GND”.
  • Benefícios:
    • Excelente Blindagem: O plano de terra age como um escudo contra interferência eletromagnética (EMI).
    • Melhor Dissipação de Calor: Ajuda a dissipar o calor de componentes que aquecem.
    • Caminho de Retorno de Baixa Impedância: Essencial para a estabilidade de circuitos digitais e analógicos.

Após criar o copper pour, você precisará reconstruí-lo para que ele preencha os espaços. Vá em “Tools -> Rebuild Copper Area”.

5. Serigrafia (Silkscreen)

A serigrafia é a tinta que ajuda a identificar os componentes.

  • Posicione as etiquetas (lables): Mova os etiquetas (R1, C1, U1) para que fiquem próximos aos seus respectivos componentes e sejam fáceis de ler. Não os coloque em cima de pads ou vias.
  • Adicione Informações Úteis: Adicione o nome do seu projeto, a versão, e marque a polaridade de componentes como diodos e capacitores eletrolíticos.

Roteamento automático

O EasyEDA possuí uma ferramenta de roteamento automático (Autorouter), essa ferramenta desenha as trilhas de cobre da sua placa de forma automática, economizando um tempo considerável em projetos. Ele funciona na nuvem, analisando as conexões do seu esquemático e calculando rapidamente um caminho para todas as trilhas. No entanto, sua principal desvantagem é a falta de “inteligência”: o algoritmo não compreende a função do circuito, tratando sinais analógicos sensíveis da mesma forma que um simples sinal digital. Isso frequentemente resulta em um layout pouco otimizado, com trilhas de alimentação finas, caminhos longos e um uso excessivo de vias, o que pode comprometer a performance e a estabilidade da placa.

A abordagem mais eficaz é o roteamento híbrido. Em vez de confiar 100% na ferramenta, o ideal é rotear manualmente as trilhas mais críticas primeiro — como as de alimentação (VCC/GND), sinais de alta frequência e circuitos analógicos — garantindo que sigam as melhores práticas. Depois, pode-se usar o Autorouter para conectar as trilhas restantes, que são menos importantes. Ao final, é fundamental revisar e “limpar” o trabalho do algoritmo, fazendo ajustes manuais. Dessa forma, o Autorouter se torna um poderoso assistente que acelera o processo, em vez de um substituto para as habilidades e o bom julgamento do designer.

PCB concluída

No final do roteamento e desenho da PCB o projeto deve está similar a seguinte imagem:

A visualização em 2D da PCB do nosso projeto, para visualizar basta clicar em “View -> 2D View”.


Verificação Final da PCB

Antes de mandar fabricar a PCB temos que realizar a verificação de regras de design.

Design Rule Checker (DRC)

O DRC é uma ferramenta automática que verifica se o seu design viola as regras mínimas de fabricação (ex: se duas trilhas estão perto demais, se uma trilha está muito fina).

  1. Acesse o DRC: Vá em “Design -> Design Rule”.
  2. Configure as Regras: As regras padrão do EasyEDA são geralmente compatíveis com a JLCPCB. Para iniciantes, elas são um ótimo ponto de partida. As regras mais importantes são:
    • Clearance: A distância mínima entre quaisquer dois elementos de cobre (trilha-trilha, trilha-pad). Um valor seguro é 0.2mm (8 mil).
    • Trace Width: A largura mínima da trilha (geralmente 0.152mm ou 6 mil para a maioria dos fabricantes).
  3. Execute o DRC: Vá em “Design -> Check DRC”. Se houver erros, o EasyEDA listará do lado esquerdo no meu Design Manager -> DRC Errors e mostrará onde eles estão na placa. Corrija todos os erros antes de prosseguir.

Visualização 3D

Para ter uma ideia de como sua placa ficará, use o visualizador 3D. Vá em “View -> 3D View”. Isso é extremamente útil para verificar o posicionamento de componentes e a aparência geral.


Finalizando o Projeto: Gerando Arquivos Gerber e Enviando para a JLCPCB

Com o design da sua placa finalizado e verificado (DRC), o último passo é preparar os arquivos para a fabricação. Este processo é muito simples no EasyEDA, graças à sua integração nativa com a fabricante JLCPCB.

Método 1: Envio Direto para a JLCPCB (O Caminho Rápido e Integrado)

Esta é a forma mais fácil e à prova de erros para quem usa o EasyEDA. A plataforma permite enviar seu projeto para a JLCPCB com apenas um clique, eliminando a necessidade de baixar e reenviar os arquivos Gerber manualmente.

  1. Acesse a Função de Pedido: Com seu projeto de PCB aberto e salvo, clique no ícone “Fabrication -> Generate PCB Fabrication File (Gerber)” na barra de ferramentas superior ou vá em “File” -> “Generate PCB Fabrication File (Gerber)”.
  2. Gere e Revise: Na janela que se abre, clique no botão “One-click Order PCB/SMT”. O EasyEDA irá gerar os arquivos Gerber em segundo plano e, em seguida, abrirá uma nova aba no seu navegador, levando você diretamente para a página de pedido da JLCPCB, lembrando que para continuar com a fabricação você terá que está logado no site da JLCPCB.
  3. Configuração do Pedido na JLCPCB: Seu projeto já aparecerá em um visualizador online (Gerber Viewer), permitindo uma última inspeção. Nesta página, você define os parâmetros da sua placa:
    • PCB Qty (Quantidade): O número de placas que deseja (o mínimo é 5).
    • Layers (Camadas): Já estará definido como 2 (ou o que você usou no projeto).
    • PCB Thickness (Espessura): 1.6mm é o padrão e mais comum.
    • PCB Color (Cor): Escolha a cor da máscara de solda (verde é a mais barata, mas há opções como preto, branco, azul, vermelho, etc.).
    • As demais opções pode deixar como está.
  4. Serviço de Montagem (PCBA) – Opcional: Se você também gerou os arquivos BOM e Pick and Place, pode selecionar a opção “SMT Assembly”. A JLCPCB irá então soldar na sua placa os componentes comprados através da sua empresa parceira, a LCSC, componentes que você escolheu na biblioteca da LCSC na hora de desenha o esquemático. Esse tipo de serviço é um pouco mais complexo por conta dos custos que envolve esse processo, existem componentes mais baratos e outros mais caros que tem a mesma função e existe também os componentes “Basic” e “Extended“, por isso não vou focar nisso nesse artigo.
  5. Finalize o Pedido: Após conferir o preço, salve no carrinho, preencha suas informações de endereço e pagamento, e conclua o pedido. A partir daí, é só aguardar suas placas chegarem prontas da fábrica.

Método 2: Gerando os Arquivos Gerber, para fabricação em outros fabricantes.

As fábricas de PCBs em todo o mundo não usam o arquivo de projeto do EasyEDA. Elas trabalham com um conjunto de arquivos padronizados chamado Arquivos Gerber. Cada arquivo descreve uma única camada da sua placa (cobre superior, cobre inferior, serigrafia, máscara de solda, etc.), além do arquivo de furação.

Se você quisesse usar qualquer outra fabricante que não a JLCPCB, este seria o processo:

  1. Abra o Gerador de Gerber: No editor de PCB, clique em “File” -> “Generate PCB Fabrication File (Gerber)”.
  2. Gerar: Uma caixa de diálogo aparecerá. Para a maioria dos projetos, as configurações padrão são suficientes. Clique no botão “Generate”.
  3. Baixar: O EasyEDA processará os arquivos e oferecerá um arquivo .zip para download. Este zip contém tudo que a fábrica precisa para produzir sua placa.
  4. Enviar para a Fábrica: Você pegaria esse arquivo .zip e faria o upload manualmente no site da fabricante de sua escolha.

Juntamente com os Gerbers, são gerados o Arquivo de Furação (Drill File), essencial para a produção, e opcionalmente, o Arquivo de Lista de Materiais (BOM – Bill of Materials) e o Arquivo Pick and Place (CPL). Estes dois últimos são cruciais se você pretende usar um serviço de montagem de componentes (PCBA), onde a fábrica solda os componentes na placa para você.


Resultado Final

O resultado final desse projeto não existe porque não enviei para a fabricação esse projeto em específico, mas tenho alguns exemplos de PCB de um projeto simples de acionamento de bomba de água confeccionado no EasyEDA e JLCPCB você pode conferir nas imagens abaixo. 

 

Na imagem podemos ver o projeto na fase de prototipação e a placa finalizada na JLCPCB.


Conclusão

O EasyEDA online desmistifica o processo de design de PCBs, colocando nas mãos de hobbistas e estudantes uma ferramenta que rivaliza com softwares profissionais. Ao seguir os passos deste guia e  as regras e dicas de design, você estará bem equipado para evitar os erros comuns de iniciantes e transformar suas ideias em placas de circuito impresso funcionais e com aparência profissional.

Lembre-se que o design de PCB é tanto uma ciência quanto uma arte. Não tenha medo de experimentar, e refazer o layout várias vezes até encontrar a solução mais elegante. Revise seu trabalho, execute o DRC, seguindo isso você terá em suas mãos a primeira de muitas placas de circuito impresso projetadas por você.

Para mais artigos como esse, continue acompanhando as postagens semanais do blog e não deixe de visitar nossa loja. Lá você encontra todos os componentes necessários para desenvolver esse e muitos outros projetos!

Que a força estejam com vocês!

Até mais!

 


Sobre o Autor


Saulo Aislan

Graduando em Tecnologia em Telemática pelo IFPB – Campus de Campina Grande – PB. Tenho experiência com os microcontroladores da família Arduino, ESP8266, ESP32, STM32 e microprocessador Raspberry Pi. Tenho projetos na áreas de IoTs voltada para a indústria 4.0, agroindústria e indústria aeroespacial civil utilizando LoRa, Bluetooth, ZigBee e Wi-Fi. Atualmente estudando e desenvolvendo em FreeRTOS para sistemas em tempo real com ESP32 e LoRaWan para Smart City e compartilhando alguns projetos no blog da Eletrogate.


Eletrogate

7 de novembro de 2025

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